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Arraste

Sobre "Arraste"

 

Arraste
 3ª pess. sing. imp. de 3ª pess. sing. pres. subj. de 1ª pess. sing. 
1 - Levar de rastros pelo chão; 2 -Conduzir à força; 3 - Levar após si; 4 - Rojar; 5 - Mover com diculdade; 6 - Obrigar, compelir; 7 - Andar de rastros; 8 - Roçar pelo chão; 9 - Rojar-se; humilhar-se; 10 - Não ter elevação; 11 - Decorrer monotonamente ou sem agrado; 12 - Não obedecer ao leme.

 

As denições de "Arraste" no dicionário surgem como ponto de convergência/síntese entre dois dos principais processos artísticos de Fernando Lopes, a intervenção urbana "Gráco Planicado da Violência" apresentada na última edição da Bienal SESC, e o processo artístico "A Flor da Pele" tentando articular a idéia de arrastar, de ao nascermos já termos uma história e uma carga social que arrastamos, de nossa família, de nossa etnia e de eventos do passado lançados sobre nós desde o nascimento, que vão se articulando/atravessando/rememorando/reinventando em nós no presente através da ação do performer e do encontro com público e transeuntes.

Tendo a ação de arrastar pela cidade, a partir de ganchos implantados nas costas, "Arraste" articula-se como uma obra site specic, trabalhando com questões do momento socio-político e geográco que se insere, atravessando memórias, fatos e locais da cidade com elementos em comum. Em sua última apresentação, em Novembro de 2015 para o SESC Palladium em Belo Horizonte, Fernando Lopes arrastou, após a leitura dos prefácios enquanto os ganchos eram implantados, uma coroa de ores e o relatório de mortos e desaparecidos durante a ditadura militar, com cerca de 800 páginas, escrito e em constante atualização pela "Comissão Nacional da Verdade". Os itens foram arrastados num roteiro envolvendo prédios icônicos por terem sido locais de encontro e resistência da esquerda, e também locais de controle e tortura dos militares, como a antiga sede do DEOPS, atual Centro Cultural do Banco do Brasil, numa ação com duração aproximada de 1h30. Esta última versão e o universo simbólico da ditadura e de elementos ligados a repressão estatal são os atuais pontos investigativos da obra de Fernando Lopes.

Em sua primeira realização, a ação de arrastar se mantém fisicamente semelhante, porém, trabalha com um choque de duas realidades, presente no cotidiano de Fernando e de Salvador: Um performer, branco, de classe média (aparentemente), de outro estado e outra realidade socio-cultutak, inserido numa cidade predominantemente negra, na qual a relação poder econômico, violência e etnia ainda caminham muito juntas. Numa cidade em que, grande parte dos homicidios são de jovens homens negros de bairros de periferia, que possuem suas identidades depreciadas, expostas e mercantilizadas por órgãos de mídia, para venda de jornais e programas sensacionalistas, construindo assim uma história coletiva, urbana, em que diversos setores da sociedade soteropolitana arrastam uma certa culpa, seja pela criação dessa violência e/ou pela exploração midiática, cada um tendo uma leitura muito particular e própria do fenômeno da violência.

A ação

Com pontes em "Gráfico Planificado" e em "A Flor da Pele", "Arraste" utiliza-se de elementos como body art e da sensação de violência evocada/vivida/arrastada diariamente, seja devido a geografia, história, poder econômico e/ou aspectos ligados a construção da subjetividade por parte do performer e do público.

E sua primeira apresentação, a ação consistiu em: coletar por uma semana, jornais e/ou notícias sensacionalistas, com destaque para o "A Massa", do grupo A Tarde e, a partir da inserção de piercings e ganchos na pele das costas do performer, numa prática chamada de "pulling", numa versão mais leve,  prender estes jornais a correntes longas, nas costas do performer, junto com uma coroa de flores, e caminhar pelo bairro arrastando a coroa e os jornais, por um período mínimo de 30 minutos, podendo chegar a 4 horas de ação.

E sua última apresentação, o trabalho coletou materiais produzidos pela Comissão Nacional da Verdade sobre mortos e desaparecidos na ditadura, assim como coletar informações de prédios e locais que foram representativos durante o regime militar em Belo Horizonte, desenhando o trajeto da intervenção fazendo que a mesma passasse por estes pontos de memória da ditadura na cidade

Festivais
 

De Solos e Coletivos V - Salvador, Abril/2015

Pauta em Movimento no SESC Palladium - Belo Horizonte, Nov/2016
 

Clipping

 

http://www.frrrkguys.com.br/arraste-uma-performance-sobre-violencia-em-salvador/ 

Concepção e ação: Fernando Lopes
Quantidade de pessoas que viajam com o trabalho: Apenas Fernando, caso tenha um body piercer com experiência em suspensão corporal na cidade

Duração: Entre 40 minutos e 2:30 horas

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